A subida das taxas Euribor tem sido uma preocupação nos últimos meses para quem tem créditos, mas será que sabe exatamente como funciona?
Se tem um crédito à habitação, sabe que a Euribor é um conceito que deve compreender. Afinal, falamos de algo que tem um peso significativo no custo do crédito. Nos últimos meses tem-se verificado uma constante subida da Euribor, acompanhada pela a subida da inflação na Europa. Resultado disso? As prestações mensais do crédito habitação estão a aumentar significativamente. Para tentar explicar como funciona a Euribor e porque é que esse aumento acontece, respondemos às dúvidas mais frequentes com a ajuda do guia da DECO.
Euribor – Perguntas e Respostas
1) O que é e como surgiu a Euribor?
O início da Euribor aconteceu na mesma altura da moeda Euro, em 1999. Apesar de ser conhecida como Euribor, o nome oficial é European Interbank Offered Rate. A criação na mesma altura do euro aconteceu com o objetivo de harmonizar as taxas de juro interbancárias na zona euro, a partir do momento em que uma só moeda passasse a circular entre os países.
Desde então, a Euribor passou a ser usada em quase todos os financiamentos em Portugal, onde se inclui o crédito habitação.
2) Como se calcula a Euribor?
Para entender a Euribor, precisa de saber que os bancos emprestam dinheiro entre si e também se aplicam juros (crédito interbancário). A Euribor baseia-se exatamente neste tipo de transações. Ou seja, é um indicador que traduz a taxa de juro dos empréstimos que os bancos comerciais fazem entre si na zona euro. Para se chegar ao valor de cada taxa, calcula-se uma média dos juros contratados entre esses bancos, excluindo 15% das taxas mais elevadas e 15% das mais baixas. O valor final é depois arredondado a três décimas.
3) É o Banco Central Europeu que fixa o valor da Euribor?
Não. O cálculo da Euribor é feito diariamente pela Federação Europeia de Bancos e as taxas são comunicadas às 10h de Lisboa.
Apesar do cálculo não ser realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), existe um influência direta no crédito interbancário e, por consequência, na Euribor. Assim, se o BCE aplicar uma política no sentido de dinamizar a economia, as taxas de juro podem baixar com o objetivo de tornar o dinheiro mais barato e acessível. Se, pelo contrário, o BCE optar por medidas mais restritivas para, por exemplo, controlar a subida dos preços (inflação), as taxas de juro tendem a subir. Ora, como os bancos se financiam junto do BCE, tendem a seguir estas políticas, tal como explica a DECO.
4) Como se aplica a Euribor no crédito habitação?
Quando solicita o crédito habitação, por exemplo, é necessário definir se opta por taxa fixa ou variável. Nos contratos com taxa fixa, tal como nome indica, é defina uma taxa fixa, por isso a Euribor não vai oscilar o valor da prestação a pagar. Se for com taxa variável, então a taxa de juro a aplicar à prestação mensal será formada por estas duas componentes:
Euribor (tendo em conta o prazo de referência de 3, 6 ou 12 meses) + Spread (margem de lucro do banco).
Como a Euribor é uma componente variável da taxa de juro, então se a média subir, a taxa também aumenta (e, por consequência, a prestação a pagar). O mesmo acontece num cenário inverso ou seja, quando desce, a prestação também baixa.
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5) O que são os prazos de 1, 3, 6 ou 12 meses?
Os prazos da Euribor mais comuns são de 3, 6 e 12 meses. E o que é que isto significa na prática? Isto significa, por exemplo, que se o indexante do seu empréstimo for a Euribor a 6 meses, então de 6 em 6 meses o valor da sua prestação será revisto e atualizado. Nesse momento, o valor da Euribor é calculado com base na média aritmética simples do mês anterior e fica a vigorar durante o período seguinte.
[learn_more caption=”Taxas Euribor atualizadas”] Quer acompanhar os valores atualizados das taxas Euribor? Pode fazê-lo aqui. Disponibilizamos informação sempre atualizada das taxas Euribor a 1, 3, 6 e 12 meses. [/learn_more]
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Leia também: Euribor a 1, 3, 6 ou 12 meses – Qual escolher?
6) A Euribor é muito volátil?
A Euribor não é estática e por isso está sempre suscetível a subidas e descidas, conforme o que explicamos anteriormente. Essas subidas e descidas têm impacto na prestação do crédito com taxa variável, que pode ser um impacto positivo ou negativo.
Se olharmos para a história, percebemos que a Euribor pode passar de negativa a positiva em relativamente pouco tempo (e vice-versa). Em outubro de 2008, e tal como relembra a DECO, a média da Euribor a 6 meses do mês anterior fixou-se em 5,219%. Relembramos que 2008 foi um ano de crise financeira mundial, o que se refletiu na subida da Euribor.
Contudo, depois em 2015 o BCE decidiu dinamizar a economia e os bancos começaram a definir taxas de juro negativas. Assim, a Euribor começou a descer e entrou em terreno negativo, algo que durou 7 anos e foi muito favorável para a contratação de créditos habitação.
Acontece que tudo mudou neste ano de 2022 por causa da inflação provocada pelo conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Este ano, a Euribor 12 meses, por exemplo, subiu de cerca de – 0,33% no início de fevereiro para mais de 2,5% no início de outubro.
7) Como foi aplicada a taxa de juro negativa no crédito habitação?
Em 2018 foi aprovada a Lei n.o 32/2018, que obriga os bancos a refletirem, na totalidade, as médias negativas da Euribor, uma lei proposta pela DECO. E até essa lei aparecer, quanto é que os clientes perderam? Para responder a isso, a DECO deixa um exemplo: “se, em 2016, tivesse um crédito à habitação de 150 mil euros, com um spread de 0,25%, somado a uma Euribor a 3 meses (negativa, em maio de 2018), terá deixado de receber quase 190 euros até à entrada em vigor da lei”.
8) É expectável que a Euribor continue a subir?
As previsões não são as melhores para quem tem crédito habitação com taxa variável ou para quem pretende contratar agora um crédito habitação. A Euribor entrou numa tendência de subida e deve manter-se assim por mais algum tempo. Para além do impacto direto que isto tem nos contratos atuais com taxa variável, isto também afeta significativamente as condições para os novos contratos, mesmo com taxa fixa. As ofertas dos bancos para a taxa fixa estão muito menos vantajosas e já é difícil conseguir uma taxa fixa inferior a 2%.
Por isso, o ideal é começar a tomar algumas medidas para evitar entrar em incumprimento ou ficar numa situação financeira mais débil. Deixamos-lhe a seguir alguns artigos com dicas que podem ajudar:
- Subida das taxas de juro – E agora?
- Subida dos Juros – Como é que a consolidação de créditos pode ajudar?
- Subida da Euribor – Como é que o seguro de vida pode ajudar?
- Crédito Habitação – As medidas de apoio aprovadas pelo Governo
- Crédito Habitação – Como vai funcionar o desconto no IRS?
- Crédito Habitação – Como renegociar com o banco?
- PARI e PERSI – Como funcionam os instrumentos de proteção do cliente?
- Carência ou diferimento de capital no Crédito Habitação – Como funciona?
- Transferir o Crédito à Habitação: quanto é que se poupa?